Ministério da Saúde segurou por 4 meses rescisão da Sputnik V
O contrato foi o centro de uma crise instalada no governo Bolsonaro em 2021

Documentos obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo, por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), mostram que um parecer da área técnica recomendou a rescisão do contrato em 3 de agosto de 2021. O documento leva a assinatura do Secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros.
A gestão de Queiroga só rescindiu o contrato, de forma unilateral, em 14 de dezembro, mais de quatro meses depois. O ato da anulação foi publicado no DOU (Diário Oficial da União) em 16 de dezembro.
O contrato era uma das heranças da administração do general da ativa do Exército Eduardo Pazuello, demitido do cargo de ministro e abrigado em um posto de confiança no Palácio do Planalto. A pasta, sob Pazuello, emitiu uma nota de empenho de R$ 693,6 milhões para pagar pelas doses do imunizante, que nunca chegaram.
A reserva do dinheiro foi feita em 22 de fevereiro de 2021, antes mesmo da assinatura do contrato com a União Química Farmacêutica, em 12 de março. O dinheiro, que poderia ser usado na compra de outras vacinas, ficou parado desde então.
O Ministério da Saúde não respondeu às solicitações do jornal Folha de S. Paulo se a nota de empenho de R$ 693,6 milhões foi cancelada, que uso será dado ao dinheiro e por que houve uma espera de mais de quatro meses para a anulação do contrato de compra da Sputnik V. (A TARDE)